Guerra na Ucrânia. Macron não exclui hipótese de enviar tropas se russos "conseguirem ultrapassar linhas da frente"

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Benoit Tessier - Reuters

O presidente francês, Emmanuel Macron, voltou a admitir esta quinta-feira a possibilidade de enviar tropas terrestres ocidentais para a Ucrânia no caso da Rússia "romper as linhas da frente" ou se Kiev solicitar esse apoio. Numa entrevista ao semanário britânico The Economist, Macron acusa os países ocidentais de estarem "demasiado hesitantes na formulação dos limites" perante a ameaça do presidente russo, Vladimir Putin, que não tem limites.

"Se os russos passassem a linha da frente, se houvesse um pedido ucraniano - o que não é o caso atualmente - deveríamos legitimamente colocar-nos a questão", disse o presidente francês ao jornal The Economist, reiterando a crença na necessidade de manter a “ambiguidade estratégica” face a Vladimir Putin. "Não devemos excluir nada porque o nosso objetivo é que a Rússia nunca ganhe", afirmou Emmanuel Macron.

Em entrevista ao The Economist, o presidente francês sublinhou que tem "um objetivo estratégico claro: a Rússia não pode vencer na Ucrânia", defendendo que caso isso aconteça deixará de existir segurança na Europa. "Como já disse, não excluo nada, porque temos à nossa frente alguém que não exclui nada", reafirmou Macron, referindo-se ao presidente russo, Vladimir Putin.

Depois de ter causado polémica no final de fevereiro quando afirmou que o envio de tropas ocidentais para a Ucrânia não deveria “ser excluído” no futuro, o chefe francês de Estado voltou a insistir que “excluí-lo à priori seria não aprender as lições dos últimos dois anos”, quando os países da NATO excluíram inicialmente o envio de tanques e aviões para a Ucrânia antes de mudarem de ideias.
"Demasiado hesitantes na formulação dos limites"
"Quem pode fingir que a Rússia vai ficar por aqui? Que segurança haverá para os outros países vizinhos, a Moldávia, a Roménia, a Polónia, a Lituânia e muitos outros? E que credibilidades teriam os europeus se tivessem gasto milhares de milhões, se tivessem dito que a sobrevivência do continente estava em jogo e não se tivessem dotado dos meios para travar a Rússia?", questionou Emmanuel Macron. "Por isso, sim, não devemos excluir nada", reiterou.

Embora a maioria dos países ocidentais se tenham distanciado da posição do líder francês na resposta ao conflito na Ucrânia, Macron defendeu esta quinta-feira que os países europeus estão "demasiado hesitantes na formulação dos limites" devem sentar-se “à volta da mesa para construir um quadro coerente” em matéria de defesa. "A NATO é uma dessas respostas, não se trata de pôr a NATO de lado, mas (que) este quadro é muito mais vasto”, acrescentou.

c/agências

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